Em divulgação a sua nova era com lançamento de “Don’t Say Love”, a cantora fala sobre a maternidade, encontrando sua confiança e seu primeiro álbum solo para revista Vogue UK.
Leigh-Anne Pinnock está sentindo a pressão agora. A ex-membro do Little Mix está sentada com as mãos unidas em um look todo preto de renda e couro em uma sala de reuniões na Vogue House, pronta para revelar tudo sobre seu primeiro projeto solo “Don’t Say Love”.
“Todo mundo está tão animado para ver o que vamos fazer, que tipo de música…” ela diz. “E se eu desapontar?”
A mulher de 31 anos tem um grande legado a seguir. Até 2022, ela era um quarto da Little Mix: a banda feminina vencedora do X Factor que alcançou cinco singles em primeiro lugar, um álbum em primeiro lugar e terminou sua jornada com uma vitória histórica como a primeira banda feminina a ganhar um Brit Award por ‘Melhor Grupo’.
“Nós arrasamos como uma banda. Nós crescemos muito”, a estrela nascida em High Wycombe, atualmente vive em Surrey, e é mãe de gêmeos, fala sobre a época. Agora, porém, é tudo sobre ela. Trabalhar em seu primeiro álbum solo em sua casa jamaicana foi “um sentimento tão libertador porque você não precisa se comprometer”. Em grupo, tem muito disso. Nem toda música combina com todas as vozes, além disso, “todos nós temos que concordar com o que estávamos dizendo”, explica ela. “Agora é tão incrível para nós, porque podemos literalmente dizer o que quisermos direto do coração.”
Para Pinnock, isso significa se abrir sobre o lado difícil de estar em uma banda: as comparações, principalmente como o único membro negro do grupo. Como ela abordou em seu documentário, Leigh-Anne: Race, Pop & Power, “vivi em um mundo muito branco durante a maior parte da minha carreira”, diz ela.
“A indústria pop é muito branca, tínhamos uma base de fãs predominantemente branca. Levei tanto tempo para entender por que estava me sentindo tão desvalorizada. Eu apenas me culpei. Minha família diria: ‘Oh, Leigh, você está recebendo o mesmo dinheiro. Está tudo bem. ‘Eu simplesmente não conseguia aceitar isso. Quando estiveram na turnê no Brasil, os fãs negros contaram o grande impacto que ela teve sobre eles, mudou sua vida. “Os fãs gritavam meu nome – nunca tive uma resposta como essa e estávamos no grupo há nove anos”, diz ela.
Este novo disco - que mistura R&B, amapiano, garage e afrobeats ao pop – redescobre sua confiança, solo. Uma das músicaa, “I Did That”, reflete sobre suas realizações. “Eu tinha essas garotas incríveis ao meu redor, me abraçando e mesmo que às vezes elas não entendessem, elas ainda me tinham”, diz ela, com a voz trêmula enquanto chora. “Ah, lá vai ela de novo ficando chateada, eu sabia que isso ia acontecer!” O álbum também abordará as provações e tribulações da maternidade e seu relacionamento com Andre Gray, que, em 2 de junho, se tornou um casamento. “As coisas não são perfeitas, e eu me aprofundo um pouco com isso.” Mas, construir esta família a mudou. “Isso coloca tudo em nova perspectiva e muda você. As coisas não me afetam tanto, no bom sentido”, ela sorri. “Agora me sinto tão resiliente.”
Em sua audição para o X Factor, você disse que queria ser o próximo Justin Bieber. Ainda é assim?
Justin Bieber – isso é hilário! Eu era tão jovem. Quando eu era mais jovem, não aceitava não como resposta. Eu disse a todos que conheci que seria uma estrela pop… Mas quando criança, eu era a pessoa mais tímida de todas. Essa audição foi a única vez que eu realmente me deixei levar. Antes eu cantava, mas só olhava para o chão porque aquela menina tímida ainda estaria lá. Eu sabia o que queria e dizia isso às pessoas, mas quando chegava a hora, eu meio que entrava em pânico. Então algo simplesmente entrou na minha [na audição] como, “esta é sua única chance”. E eu fiz. Até minha irmã ficou tipo “quem é essa?!”
Como você olha para os juízes tendo colocado você em uma banda de garotas agora?
Essa é a melhor coisa que poderia ter acontecido.
Realmente?
Cem por cento. Eu sinto que tudo tinha que acontecer do jeito que aconteceu. Eu pude conhecer minhas irmãs e fazer parte da maior banda de garotas do mundo e fazer música que tocou as pessoas. Criamos um legado que vai durar. Eu não estaria pronta há cinco anos para fazer isso. Eu me lembro quando eles disseram, eu poderia te ver em uma banda de garotas – eu aceitaria qualquer coisa, não me importava, me colocaria em qualquer grupo misto, tanto faz! Existe esse fogo que tenho em mim desde que era mais jovem e isso é muito importante para mim mostrar esse eu mais jovem. Porque quando fui colocada no grupo, foi tipo, “Ah, é isso mesmo? É esse sentimento que deveria vir com isso – não se sentir realmente valorizado?” Por mais que eu tenha tido o melhor momento da minha vida, essa dor está muito presente. Devo ao meu eu mais jovem sair e fazer isso sozinha.
Os seus três primeiros singles falam de amor. O que precisamos saber sobre eles?
O primeiro single, “Don’t Say Love” fala sobre querer ser amado por inteiro, tipo o amor que sinto por mim mesma. Se não for assim, então eu não quero. É uma jornada para se chegar nisso. Durante o meu tempo no grupo e em toda a minha carreira, eu me sentia deixada de lado e subestimada. Eu queria transmitir todos esses sentimentos através do vídeo: a frustração, tristeza, raiva. Quero abordar isso no meu primeiro single, para enfim deixar essa garota e esses sentimentos no passado. “My Love” é uma celebração de todas as formas de amor: aceitar quem eu sou e mergulhar em minha carreira solo e nessa nova pessoa, que reconquistou toda sua confiança e sabe o quão foda ela é.
E “Stealing Love”?
No meu álbum, eu quis ser o mais sincera possível sobre tudo: a maternidade, os altos e baixos, meu relacionamento. Tudo parece perfeito no Instagram e não é. Quis mostrar isso no meu relacionamento. É sobre alguém roubando o amor de você – você se entrega e eles recebem, nas não de forma recíproca. Tem coisas que irei revelar sobre a nossa relação que são assustadoras. Vou me casar, ele é o amor da minha vida, mas já passamos por muita merda. Expôr algo por completo e do jeito que é, é algo vulnerável que me paralisa, mas ao mesmo tempo, faz parte da vida. Relacionamentos são trabalhosos. Se algo é bom o suficiente para lutar por isso, é tudo o que importa.
O que podemos esperar do vídeo “Don’t Say Love”?
O vídeo é sobre tentar escapar da sensação de ser negligenciado e desvalorizado. Eu sou uma dublê nisso, é uma loucura! Eu mergulho na água para simbolizar o renascimento e o abandono dessa dor. Então eu entro no meu amor próprio e nessa nova pessoa – ou a pessoa que eu sempre soube que era e que acabei perdendo no caminho. A mensagem que quero que as pessoas carreguem é que todos nós merecemos ser amados 100%.
Quais looks você tem planejado?
Sempre quis fazer moda, sempre adorei. Meus fãs sempre falam que eu sou a fashion girl do grupo – até as garotas costumavam dizer isso. Estou animada por poder levar isso ainda mais longe: minha aparência, meu cabelo, tudo… estou entrando na minha era da elegância. São oito looks no vídeo – então, estou atendendo galera, o que mais vocês querem de mim?! Jenke Ahmed estilizou o vídeo e também trabalhou com Beyoncé. Eu [serei] capaz de experimentar ainda mais; agora é só eu e não precisam se preocupar se parecer um pouco estranho dentro do grupo.
Qual foi sua experiência com a fama?
Você não tem um momento para se preparar para algo como a fama. Eu era tão jovem e a mídia social simplesmente surgiu. Foi tudo um pouco chocante, como “Oh, Deus, você está à vista para as pessoas dizerem o que quiserem sobre você”. Lembro-me de ter visto um comentário que dizia: “A garota negra parece uma garota branca e a garota branca parece uma garota negra”. Eu nunca esqueci isso. Esses comentários marcam. Mas sempre haverá negatividade. Eu me vi nesse enorme drama no Twitter, talvez um mês após o parto, e um dos bebês sorriu para mim pela primeira vez. Eu estava tipo: “Bem, isso coloca tudo em outra perspectiva, não é?” Tudo o que tive que fazer foi desligar o telefone e tudo foi embora, porque não é real.
Eu me pergunto se os grupos do X Factor se saem tão bem porque vocês tem responsabilidade. Vocês estão apoiando os sonhos uns dos outros e têm que lutar para estar no mesmo ritmo.
Definitivamente! Ser de uma banda de garotas já é difícil o suficiente – sabíamos que tínhamos que trabalhar mais sendo mulheres. Aquela ideia de não querer decepcionar, de sempre carregar umas as outras era o bom de estar em grupo. Se uma pessoa estava se sentindo um pouco deprimida, as outras poderiam disfarçar um pouco e adicionar energia. Era uma irmandade adequada, da qual sinto falta.
Por que Little Mix se separou?
Nós meio que sentimos como se tivéssemos chegado ao fim. Estávamos juntas há tanto tempo, acho que todas sentimos que era hora de abrir nossas asas.
É estressante começar de novo, sem aquele cobertor de segurança ou rede de apoio?
Sim! Sim! É tão estressante. [Quando eu fazia um] lançamento com elas, eu tinha suas mãos para segurar, estávamos todas juntas. Se não chegasse ao primeiro lugar, tudo bem, porque estávamos passando por isso juntas. Mas, como eu disse antes, estou muito confiante com a música. Estou orgulhosa e feliz, então já venci nesse sentido – é disso que tento que me lembrar. Sim, há muita pressão sobre isso quando há tantas vozes que querem que seja um sucesso e cabe a mim fazer isso acontecer. E ninguém sabe mais o que é um hit, pode ser qualquer coisa. Mas acho que, desde que você tenha paixão por trás disso, confiança, trabalho duro e persistência, tudo é possível nesta indústria.
Quais são seus sonhos para a carreira solo?
Eu só quero fazer música que inspire as pessoas e as empodere e quero continuar a usar minha voz e plataforma. Porque eu só penso, por que estou aqui de qualquer jeito? Eu adoraria ter minha própria turnê. Não me importa se são duas pessoas na plateia – sabendo que estão ali porque me amam e me valorizam e amam o que faço, ficarei feliz com isso. Estou animada para ter meus bebês lá também para testemunhar isso. Eles estarão em uma idade em que entenderão isso. Isso vai me animar.
Fonte: Vogue UK | Tradução: Leigh-Anne Pinnock Brasil